Imagens no tempo de Patricia Gouvêa

A artista visual carioca Patricia Gouvêa, 39, diretora do Ateliê da Imagem, exibe nesse espaço cultural localizado na Urca, sua emblemática série Imagens Posteriores. O trabalho, resultado de dez anos de pesquisas da fotógrafa, aparece não apenas na galeria, mas em livro homônimo e nos muros da cidade do Rio de Janeiro.

Patricia tem como tema central da sua produção artística a noção do tempo, que explora por meio de imagens que denotam movimento. Esse aspecto aparece em Imagens Posteriores, que a artista desenvolveu na condição de “fotógrafa viajante”, percorrendo longas distâncias pelo país e também no exterior.

Essa ideia de tempo e deslocamento se dá através de imagens de paisagens que são pouco mais que vislumbres, como as que vemos da janela de um veículo em alta velocidade. O fato de as locações não serem identificadas permite ao espectador empreender seu próprio percurso experimental.

Na mostra, que tem curadoria da pesquisadora italiana Claudia Buzzetti, foram reunidas dez imagens inéditas da série, impressas em grande formato. Antecipando a exibição na galeria, Patricia promoveu uma intervenção urbana. Ela colou algumas dessas imagens em formato de lambe-lambe em lugares da cidade que devem desaparecer, em função das obras de revitalização que ocorrem no Rio de Janeiro. Com curadoria de Marco Antonio Teobaldo, a intervenção foi gravada em vídeo e incorporada à mostra no Ateliê, que permanecerá em cartaz até 28 de fevereiro.

Já o livro saiu pela editora Réptil (114 págs., R$ 50). A edição, trilíngue, conta com texto do jornalista André Viana, edição de imagem de Claudia Buzzetti e projeto gráfico de Elisa von Randow, diretora de arte da revista Zum, do Instituto Moreira Salles.

Segundo escreve André Viana, na apresentação do livro, Patricia “pouco a pouco foi se impregnando das teorias de Flüsser, de Bergson, de André Rouillé, de Maurício Lissovsky e Luiz Alberto Oliveira, ao mesmo tempo em que registrava, de carro, ônibus ou barco, seus experimentos fotográficos nos quais o tempo já não se apresentava mais com sua tediosa máscara mortuária, mas como, digamos, sentimento vivido de eternidade. Baía de Guanabara, Chapada dos Veadeiros, Grand Canyon, Lençóis Maranhenses, Amazônia, Lagoa dos Patos, Uruguai, Argentina, Bolívia: paisagens finalmente libertas de seus atributos geográficos, constituindo não mais uma fruição estática para o espectador, mas experiência viva”.

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