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Como criar o portfólio perfeito de fotografias?

Especialista em marketing, Henrietta Brackman foi representante, durante anos, do que poderia ser considerado o primeiro time dos fotógrafos americanos, cuidando dos mostruários e das vendas daquela turma, e durante esse tempo colecionou experiências bastantes para escrever um livro, que foi sucesso desde seu lançamento – The Perfect Portfolio – no qual ela não só comenta, mas aconselha o que nós, pobres mortais, devemos observar e fazer para possuirmos aquele portfólio perfeito, em um livro que ainda se mostra perfeitamente atual.

Neste artigo, procurei destacar algumas de suas sugestões, como sempre muito práticas, procurando na medida do possível, reduzir meus comentários, que estarão em negrito e entre parêntesis, de forma a não comprometer o sentido básico da obra, que é muito mais completa do que aparece aqui…

Qual a importância do portfólio?

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Foto: José Américo Mendes

Segundo a autora, provavelmente muitos erros foram cometidos na apresentação de portfólios e com isso incontáveis vendas foram perdidas. A competição diária entre os profissionais conferiu ao portfólio  uma importância que ele não tinha no passado e todos nós assistimos ao nascimento e desdobramentos de conceitos com os quais não contávamos.

  • “ Hoje, diz ela, “não há como negar que um portfólio correto vende o trabalho do fotógrafo e expande suas participações como poucas coisas. Nas agências, ou mesmo na venda direta, o diretor de arte, ou o cliente, reage sempre àquilo que vê.   Se as fotos são de baixa qualidade não espere grande interesse, principalmente se estão mal organizadas. Mas, apresente um portfólio bem montado, com fotos marcantes e o interesse será imediato. Afinal o seu portfólio é sua ferramenta de vendas. Temos, então, algumas questões que devem ser assim definidas:

O que é um portfólio?

Fisicamente é um mostruário e pode ser montado em uma caixa, uma pasta (book), um tablet ou até mesmo em um pen drive, coisa que muita gente condena.

Como fazer um portfólio?

Há cinco passos que são fundamentais para um portfólio correto.

Primeiro: O trabalho tem que ser bom. Não há uma regra fixa, mas Stanley Carpenter, fotógrafo e nome consagrado na montagem de portfólios, diz que a fórmula mais fácil para se chegar ao sucesso é juntar cinco fotos maravilhosas, cinco fotos sensacionais, cinco fotos ótimas e cinco fotos muito boas…

Segundo: O trabalho deve ser feito, a meu ver, para atingir qualquer pessoa que o examine, sem que seja dirigido a um tipo específico de cliente.

Terceiro: Deve ser convincente, mostrando sensibilidade e versatilidade.

Quarto: Deve ser organizado para que possa passar, de pronto, uma imagem positiva não só do profissional, mas de seus métodos, estilo e técnicas.

Quinto: Deve ter uma boa apresentação, possuir um projeto atraente e ser de fácil manuseio no caso de fotos impressas.

Qual a melhor forma de apresentação?

Foto de Valeria Boltneva no Pexels
  • Como já vimos as escolhas são as mais variadas. Numa concepção mais simples, ele pode ser apresentado em uma caixa, que deve ser trabalhada para causar uma boa impressão logo à primeira vista, de preferência em uma cor neutra, ou escura. Aliás, este primeiro contato visual, também conhecido como “primeira impressão”, que pode até parecer  sem importância, já foi objeto de estudos sérios, por estar presente em todos os momentos da nossa vida, seja   diário, com clientes, seja numa rápida examinada nos parceiros do elevador, seja na turma da  fila do cachorro quente. E é nessa primeira impressão que nasce a aceitação, ou a recusa, a simpatia e a rejeição…

Com tudo isso há, todavia, uma apresentação voltada para um seguimento de clientes mais refinados, como altos executivos de grandes corporações, em que os detalhes assumem  tal importância que os trabalhos são acondicionados em maletas executivas.

As fotos, montadas em cartolina preta, com uma margem de 2,5cm, conhecidas como “lâminas”, plastificadas ou não, são usadas tanto nas caixas quanto em álbuns.

Foto: José Américo Mendes
Foto: José Américo Mendes

São os “books,”  uma forma muito usada de exibição, que privilegia a forma  já que a aparência conta, e muito !! (A experiência mostra que os clientes são  influenciados pela organização do mostruário, e embora o assunto venha a ser abordado em outro artigo do colunista (O que você precisa para se tornar um fotógrafo autônomo), não custa repetir que, mesmo dispondo de diversas formas de apresentação como CDs, tablets e pen drivers,  pesquisas realizadas em grandes feiras no eixo Rio/S.Paulo, mostraram que a grande maioria dos possíveis clientes, principalmente na faixa dos empreendedores, dá preferência a manusear as fotos impressas na hora da avaliação dos trabalhos, o que poderá, sem dúvida,  definir o contrato.)

Uma outra forma de apresentação é usar um cartão de 2mm de espessura, forrado com cartolina preta em um dos lados, com a foto colada bem no centro, deixando uma margem entre 3 e 4 cm, o que a diferencia da anterior. Neste caso não há plastificação e é uma forma clássica de apresentação na caixa, mas não no book. Crie uma etiqueta com seu nome e telefone e ponha sempre em cada folha, seja laminada, ou não. Identifique seu trabalho. E sem medo de ser repetitiva: acondicione as fotos em uma caixa estilosa. 

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Foto: José Américo Mendes

Qual o melhor tamanho?    

De uma forma geral as fotos impressas giram em torno de 13X18 cm, ou 20X24 cm. Para as lâminas 13X18 cm é o melhor tamanho e elas são feitas, como já foi visto, com fotos montadas em cartolina, ou cartão, geralmente escuro, acondicionadas em uma caixa, ou pasta.

Foto: José Américo Mendes
Foto: José Américo Mendes

Uma lâmina pode ter a foto apenas de um lado, ou em ambos os lados. O grande defeito das lâminas plastificadas, é o reflexo de luzes no plástico, levando o cliente a buscar uma posição melhor para observar o material.  As fotos maiores devem ser apenas montadas em cartão.

Foto: José Américo Mendes
Foto: José Américo Mendes

E já que estamos tratando de fotos impressas não é preciso dizer que o papel é fundamental. Use de preferência papel fotográfico, que pode ser o  brilhante, embora tenha o defeito de marcar com facilidade as impressões digitais dos clientes que manuseiam as fotos sem cuidado; o semi mate, e o mate, mas pesquise nas lojas outros tipos e gramaturas, que produzem ótimos efeitos e valorizam as fotos, porque o papel pode, sem dúvida, destacar, ou liquidar o seu trabalho… (*)

Quantas fotos?        

Geralmente usa-se entre quinze e vinte fotos. Caso use algumas em ambos os lados o portfólio ficará entre vinte, ou trinta fotos. (Todavia, há fotógrafos, inclusive o colunista, que preferem portfolios menores,  em books, com  dez a vinte fotos, apenas em uma face e sempre com alguma coisa voltada para aquele tipo de cliente que será visitado.) Embora seja sempre aconselhável uma variedade de assuntos capazes de mostrar a versatilidade do profissional a quem quer que analise seu mostruário…

De uma forma geral a coisa funciona assim: para calendários de lojas a experiência mostra que paisagens, ou flores são as indicadas. Evite ao máximo fotos de crianças e pequenos animais, elas  caíram totalmente em desuso e são tidas como de mau gosto; para industriais, fotos de linhas de montagem, fabricação de estruturas e movimentação de máquinas são ótimos assuntos; valendo também fotos de cosméticos, perfumes, joias e bijuterias visando o público feminino, que sempre teve grande poder de decisão.

Foto de Ivan Samkov no Pexels

Há casos em que o cliente vê o portfólio e se decide de imediato pelo trabalho, enquanto há ocasiões em que ele pede que o material seja deixado para um exame mais apurado. Cabe ao fotógrafo dar um telefonema 24, ou 48 horas, depois para ter uma definição, já que o interesse é todo seu…

Um último conselho: uma coisa que tenho constatado nesses anos de trabalho lidando com as imagens mais incríveis, é que a maioria dos portfólios é relativa a produtos, que vão de aviões a sorvetes. Poucos profissionais mostram em seus portfólios os executivos das grandes empresas, em grande parte, é bom que se diga, por culpa das agências que não programam esse tipo de foto. Mas esse é um campo pouco explorado e merece um olhar mais atento.  O conceito que uma empresa desfruta junto ao público se cristaliza neles – a geladeira, o cortador de grama, o carro, a tv, são representados por aqueles homens, que raramente são incluídos em um trabalho de propaganda de suas empresas, seja num trabalho institucional, seja até mesmo em um brinde e isso é um erro.

Finalizando, é bom dizer que um portfólio nunca está completo, já que novas imagens serão sempre acrescentadas, para novos clientes. Cabe ao fotógrafo decidir quais fotos serão retiradas, mas nunca eliminadas definitivamente. Na verdade, o que há sempre, é um rodízio no conteúdo dos portfólios…”

Nota do colunista (*)

Geralmente as fotos são fixadas com fita adesiva dupla face, que é vendida em mais de uma largura e que pode ser usada apenas nas extremidades das fotos, ou seguir suas quatro faces. A 3M, por seu lado, possui um adesivo em spray muito usado em montagens de fotos maiores, que necessitem de uma fixação definitiva, como painéis e mostruários de lojas. Caso prefira usá-lo experimente em um material descartável antes de partir para um trabalho definitivo. É caro, mas funciona…    

Do livro “The Perfect Portfolio”, de Henrietta Brackman, tradução e adaptação de José Américo Mendes.

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