Cinco pintores para inspirar suas fotografias

Na semana passada, compartilhamos aqui filmes aos quais todo fotógrafo deveria assistir para inspirar a sua fotografia. Assim como o cinema, a pintura robustece a nossa bagagem cultural, porém, nem sempre prestamos atenção ao que elas podem nos mostrar. Telas famosas são, sem dúvida, uma fonte ilimitada de recursos, inspirações e referências. Cada artista tem a sua própria individualidade criativa, mas quem conhece a perspectiva e a luz através dos grandes pintores da história, provavelmente vai saber como aproveitar melhor a sua técnica de compor imagens.

Embora muitos fotógrafos usem pintores como referência, hoje nem todos tentam adaptar as técnicas utilizadas em pinturas famosas nas suas fotografias. Quando falamos de luz, o barroco é sempre o mais lembrado, mas há outras tendências contemporâneas a serem exploradas. Trazemos nesta primeira parte, cinco pintores para inspirar suas fotografias:

Diego Velázquez

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Não poderíamos começar a lista sem mencionar um dos pintores mais sensacionais da história da arte. As obras de Velázquez são ricas em volumes e ensinam como aproveitar adequadamente o uso dramático da luz lateral, da perspectiva e inteligência composicional.  A sua obra As Meninas, além de ser uma das mais intrigantes por séculos, ensina como incluir, dispor e harmonizar os personagens magistralmente em um retrato.

Edgar Degas

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Uma das mais marcantes características do francês é a suavidade de suas obras. Ele costumava usar bastante os tons pastel na primeira fase de sua vida artística, passando a utilizar tons mais vibrantes somente na década de 1860. O movimento de suas pinturas também é algo para se prestar atenção: ele usava bailarinas como pretexto para reproduzir o movimento fluido, gostava de representar cenas do cotidiano e de utilizar enquadramentos casuais, concentrando o assunto em alguma parte do quadro, em vez de os dispor equilibradamente. Sua obra Família Bellelei traz uma composição bastante ousada: posturas anticonvencionais e personagens focalizados num momento de intimidade, com expressões sutis.

Abaixo, fotografia La Foie, da italiana Giulia Pesarin, inpirada em Degas:

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René Magritte

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O pintor surrealista é um nome de referência na fotografia contemporânea por suas obras provocadoras, espirituosas e que desafiam as percepções do observador. Diversos fotógrafos, designers e arquitetos se influenciaram no pintor cerebral, principalmente na sua famosa obra Os Amantes.  Ele praticou o surrealismo realista, com uma nitidez tão impressionante que chega a se confundir com a realidade. Um quadro de Magritte é um objeto de reflexão: o sentido está muitas vezes escondido e é alvo de segundas, terceiras e quartas interpretações. Ele desenvolveu uma produção artística metafísica que apresentava objetos e elementos comuns dentro de contextos inusitados.

A equipe do blog da jornalista Lilian Pacce criou uma produção de moda surrealista que resgata elementos de sua obra e uma atmosfera metafísica com apenas dois modelos e muitos lenços. Confira abaixo:

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Rembrandt

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O pintor holandês, conhecido como o mestre da luz,  foi um dos maiores pintores da era Barroca, época em havia uma obsessão dos artistas pelo domínio da luz. Os pintores exploravam os contrastes entre luz e sombra, fazendo com que o clima da pintura se tornasse mais leve, embora aumentasse a dramaticidade da cena. O esquema unilateral de iluminação utilizado por Rembrandt valorizava as expressões faciais dos personagens e hoje é um dos tipos de iluminação mais utilizados por fotógrafos de moda e retratistas. A Luz Rembrandt, como ficou conhecida, é caracterizada por um pequeno triângulo posicionado lateralmente a 45 graus da linha dos olhos e um leve escurecimento no lado oposto da face do modelo.

A técnica está visivelmente aplicada no retrato da atriz Scarlett Johansson pela dupla de fotógrafos de moda Inez & Vinoodh:

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Pablo Picasso

Ao falarmos de cubismo, automaticamente lembramos do pintor espanhol considerado um dos maiores artistas do século XX e cofundador desse movimento artístico. Ele também desenvolveu esculturas, desenho, cerâmica, poesia e passou por diversas fases artísticas em sua vida, mas o cubismo é a mais marcante.  Nas pinturas cubistas, os objetos são quebrados e remontados de modo abstrato, destacando suas formas geométricas compostas e descrevendo-os a partir de vários pontos de vista simultâneos.

Um dos fotógrafos influenciados pelo movimento foi Kertész, já comentado aqui anteriormente. Ele iniciou a sua carreira como fotógrafo de rua, registrando a vida cotidiana, mas seus temas são muito variados e todos eles instigam a curiosidade visual na hora de encontrar novas perspectivas das coisas mais comuns.

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A lista de nomes a serem lembrados é ampla, os quais continuarem a abordar em uma série. Em suma, quanto mais referências você tem, mais fácil fica experimentar e desenvolver o seu processo de criação. Analisar e procurar entender melhor movimentos artísticos e técnicas utilizadas por famosos pintores irá abrir seus olhos para um mundo de possibilidades fotográficas.

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