5 dicas para correr mais riscos ao fotografar

Para se destacar no meio da multidão é preciso correr riscos. E sem medo do erro, pois o erro muitas vezes é o que realmente nos ensina. “O truque é ao mesmo tempo extremamente simples e extremamente complicado: assuma mais riscos”, diz o fotógrafo Christopher Scotti. Ele separou 5 dicas para o Digital Photographer School que publicamos traduzidas aqui no iPhoto Channel. Confira

  1. Sua câmera é uma ferramenta, não um animal de estimação

Você comprou seu primeiro kit DSLR: muito bom e muito caro. Seus instintos dizem para proteger o equipamento a todo custo. Não faça isso! Tudo bem que você não deve colocar sua câmera debaixo d’água sem proteção ou jogá-la da sacada esperando bons resultados, mas carregar seu equipamento como se fosse um filho recém-nascido não vai fazer bem para sua evolução como fotógrafo. A câmera fotográfica é uma ferramenta e se destina a ser utilizada no mundo. Pode ser que ela acabe ganhando uns arranhões na pintura e alguns desgastes. Dê uma olhada nas imagens a seguir e se pergunte onde está a câmera:

Foto: Christopher Scotti
Foto: Christopher Scotti
Foto: Christopher Scotti
Foto: Christopher Scotti
Foto: Christopher Scotti
Foto: Christopher Scotti

Para as duas primeiras fotos, a câmera está na proa de um caiaque cerca de 10 cm acima da água. Para a terceira imagem, a câmera está 1.5 cm do chão lamacento. A água é muitas vezes a pior inimiga de uma câmara, mas sem o risco de a câmara ficar molhada estas imagens não estariam aqui.

A água não é o único inimigo da sua câmera. Arranhões, poeira e até mesmo animais selvagens representam uma ameaça.

Dito isto, existem maneiras de ser inteligente em relação aos riscos e diminuir potenciais problemas. Por exemplo, no caiaque você pode armazenar o equipamento em uma sacola seca; a câmera só é exposta quando você for tirar uma foto. Você pode ter um amigo no caiaque com você para ajudar a estabilizar o barco, ou para avisar você quando uma grande onda está chegando.

Você não precisa nem estar dentro da água para expor sua câmera a elementos agressivos. A água da cachoeira Wli em Gana era forte o suficiente para me alcançar em 300 metros de distância. Eu mantive uma jaqueta leve na frente de minha câmera até o momento certo.

Foto: Christopher Scotti
Foto: Christopher Scotti
  1. Conheça suas ferramentas

A fim de assumir riscos de forma inteligente, é muito bom saber as limitações de suas ferramentas. A sua câmera fotográfica tem selagem contra poeira ou intempéries? Será que a lente tem? Você se lembrou de colocar um filtro limpo (UV) na frente da lente para proteger contra as ameaças básicas? Uma rápida visita ao site do fabricante ou uma procura no Google por manuais do seu equipamento deve lhe dar a informação que você precisa.

Há muitas coisas a se considerar, mas o ponto principal é aprender o máximo possível sobre o seu kit.

Sua câmera DSLR e lente podem ter selagem contra intempéries e poder lidar com chuva leve, mas às vezes o gravador de áudio não pode ser exposto e acabar estragando assim.

Foto: Ionas Nicolae
Foto: Ionas Nicolae

É sábio ter conhecimento de como usar sua câmera direito. Muitas vezes, em situações de risco, você vai querer expor seu equipamento a menor quantidade de tempo possível. Quanto melhor você conhecer a sua câmera, menos tempo você vai gastar para mexer nas configurações. Certifique-se de praticar o uso de seu equipamento em um ambiente de baixa tensão, bem antes de se expor a uma situação de risco.

  1. Faça o dever de casa com seus assuntos também

Digamos que tenha sido dada a você uma tarefa que envolve ficar em uma gaiola ocupada no jardim zoológico. Como você se prepara? Não basta nesta situação apenas conhecer seu equipamento. Você precisa aprender sobre os animais com os quais irá interagir, algumas noções básicas sobre o comportamento deles e quais potenciais estressores podem estar presentes.

Foto: Christopher Scotti
Foto: Christopher Scotti

Felizmente nesta situação, é provável que você tenha a ajuda dos funcionários do zoológico; na verdade, pode ser que eles sejam obrigados a entrar no recinto com você. Mas não se esqueça de se encontrar com eles antes para conversar também. Certifique-se de fazer perguntas específicas para a sua situação.

Foto: Christopher Scotti
Foto: Clare Hancock

Neste caso, o que fazer se um animal se aproxima de você e agarra, morde, ou de outra forma se prende a câmera? No caso de lêmures, por exemplo, apenas fique quieto e eles vão perder o interesse muito rapidamente.

O ponto é não entrar em pânico e não ter medo de fazer perguntas, mesmo que pareça exagero.

Estar informado é a melhor maneira de entrar em uma situação potencialmente arriscada.

Foto: Christopher Scotti
Foto: Clare Hancock
  1. Assuma riscos em sua carreira

Usar o risco como uma ferramenta em sua carreira não é só para a área da fotografia, mas é especialmente importante neste campo. Se você sempre usa as mesmas poses e o padrão de três pontos de iluminação para seus retratos, você provavelmente vai se ver preso nisso em algum momento.

Posso dizer que os maiores saltos na minha própria carreira vieram quando corri grandes riscos.

Quando o ex-presidente de Gana John Atta Mills faleceu em julho de 2012, eu estava saindo da escola de pós-graduação e trabalhava no jornal Daily Guide em Accra. O presidente Mills foi o primeiro presidente de Gana a morrer no escritório e seu funeral de Estado foi considerado uma história importante na região.

Foto: Christopher Scotti
Foto: Christopher Scotti

Eu tinha acabado de chegar no país, só sabia o que havia lido sobre a cultura e só tinha duas semanas para convencer meu editor novo, cético, a me deixar ser parte da equipe cobrindo a história. Eu trabalhei muito duro com os meus novos colegas, contribuindo para tantas histórias quanto possíveis, e saí com os repórteres para saber mais sobre a política de Gana, história e cultura.

Foto: Christopher Scotti
Foto: Christopher Scotti

Dois dias antes do funeral, eu convenci meu editor me deixar ir realizar a cobertura. Eu estava com medo. Eu sentia como se não estivesse preparado o suficiente, e duvidava de cada decisão que tomava durante a cobertura. Independentemente disso, eu assumi o risco de estragar uma cobertura importante e consegui entrar neste desafio. As minhas imagens foram impressas na primeira página e na página central inteira do jornal. Momentos como estes demandam tomada de riscos. Se você tem ambições além de fotografia como um hobby, você terá que se acostumar com isso. O risco sempre vai forçá-lo a ser um melhor fotógrafo.

Foto: Christopher Scotti
Foto: Christopher Scotti

No entanto, os riscos que você pode tomar em relação a sua carreira podem ser atenuados até certo ponto também. Este é um processo muito mais abstrato comparado a diminuir os riscos relacionados à câmera fotográfica. Enquanto algumas coisas são iguais – conhecer suas ferramentas e temas bem o suficiente para trabalhar de forma eficiente – outras vão um pouco além do próprio ato de fotografar. Elas envolvem a política em seu ramo particular da profissão, e em saber o quão longe você pode ir.

  1. Quando as coisas dão errado

E se não der certo? Você pode acabar com equipamentos quebrados, clientes irritados ou você machucado. E agora?

Equipamentos quebrados são relativamente fáceis de lidar: lamente a perda de sua ferramenta confiável, então compre uma nova. Ou mande para o conserto.

Suavizar relações com os clientes ou reparar uma carreira são questões mais difíceis. Paciência e boas habilidades de atendimento ao cliente irão percorrer um longo caminho até que você entenda como fazer, mas cada caso tem de ser abordado individualmente.

Conversar com outros fotógrafos profissionais para saber quais as consequências que podem existir em diversos casos é uma boa ideia, e descobrir como se recuperar a partir do que possa acontecer.

Foto: Silke
Foto: Silke

Machucados são o pior dessa lista. Se você está arriscando sua vida ou se arriscando a ponto de acabar com uma lesão grave para conseguir uma fotografia, PARE! Nenhuma fotografia vale a pena se lhe machucar ou matar você. Há uma recente onda de pessoas que morrem ao tirar selfies ou tentando capturar memórias de ângulos loucos como a borda de um arranha-céu. Não importa se esta poderia ser a melhor foto já tirada, este tipo de risco é não vale a pena correr. Câmeras quebradas podem ser substituídas, carreiras reconstruídas, e relações com o cliente suavizadas ou melhoradas; mas a melhor foto de sua carreira é inútil se você morrer ou for mutilado no processo. Apenas não faça isso.

É importante saber que a natureza da tomada de risco tem resultados que podem mudar tudo para você, para o bem ou para o mal. Você pode falhar. Os conselhos dados aqui são simplesmente o que o fotógrafo Christopher Scotti aprendeu ao longo da carreira, e podem não se aplicar a você.

Não há garantia de que correr qualquer tipo de risco irá resultar em algo positivo. Porém, como foi visto, em todos os riscos que correu, o fotógrafo fez questão de estar o máximo seguro possível em relação ao que sabia dos acontecimentos, sobre o equipamento e também condições dos animais e do local. Em última análise, você deve sempre decidir se os riscos que você corre – se existirem – valem a pena correr. Os resultados de correr estes riscos serão inteiramente seus, então use o bom senso. Boa sorte!

fonte: DPS

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