Fotógrafo mistura imagens da Roma atual com gravuras de 200 anos

O gravurista Giovanni Battista Piranesi registrou a Itália do século 18 em seus desenhos numa precisão praticamente fotográfica, com acuidade impar nas perceptivas e ângulos de prédios do Império Romano. Piranesi além de desenhista era também arquiteto, apaixonado pelas construções italianas.

Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi

O fotógrafo brasileiro e também arquiteto , fascinado pelas gravuras de Piranesi, criou o projeto “Em busca da Roma de Piranesi”, onde volta aos lugares retratados pelo gravurista os registrando na fotografia. Através de colagens entre suas fotos e as gravuras de Piranesi, Ribeiro mostra o que ainda sobrevive e o que mudou da arquitetura antiga.

“Sempre me fascinaram as transformações pelas quais passaram as construções do império Romano após a sua decadência”, conta o fotógrafo.

Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi

No início de 2016, Ribeiro passou dois meses percorrendo locais retratados por Giovanni Piranesi. Ele buscava exatamente o local onde o desenhista esteve. “Fotografei as antigas vistas em ângulos similares àqueles em que ele fez as suas gravuras”. As colagens de Olympio Ribeiro que mesclam suas fotos e as gravuras do artista italiano mostram os mesmos locais com mais de 300 anos entre desenho e foto.

Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi

O fotógrafo Olympio Augusto Ribeiro participará da próxima Photothings (Unibes Cultural – Rua Oscar Freire, 2500, ao lado do metrô Sumaré), no dia 05/11. Lá ele irá expor e vender fotos do Projeto Piranesi, assinadas, impressas em diversos tamanhos em papel algodão, além de outras fotos de sua autoria. Conversamos sobre o projeto “Em busca da Roma de Piranesi”, confira:

iPhoto Channel – Você utilizou ou desenvolveu alguma técnica especial para conseguir captar exatamente o mesmo ângulo das gravuras? Como foi a produção das fotos?

Olympio Augusto Ribeiro – Antes da viagem, eu fiz uma extensa pesquisa sobre quais monumentos retratados por Piranesi ainda poderiam ser visitados, mas também escolhi aqueles que mais me atraíam e que achava que seria bacana fazer a “releitura”. Algumas das gravuras, apesar de incríveis, foram feitas em ângulos da imaginação do artista, e não teria como reproduzir, então escolhi primordialmente aquelas retratadas do ângulo de um observador comum, um turista.

Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi

Tenho alguns livros sobre ele, então baixei as suas antigas gravuras no iPhone e levei até os locais, e fui comparando… Andando para lá e para cá, até achar o ângulo certo. Para algumas imagens tive que escolher um angulo mais distante, e utilizei a teleobjetiva para captar todo o contexto como queria, já que nem todos os locais eram acessíveis a um “turista”, atualmente. Para algumas fotos em espaços internos utilizei uma grande angular (10-22mm) para conseguir abranger todo o espaço retratado por Piranesi, e fiz as correções de angulação e deformações no Photoshop.

Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi

iPhoto Channel – E no processo final, após mesclar gravuras e fotografias, o que você sentiu? Qual é o significado para você em ter juntado registros de arquitetura separados por mais de 200 anos?

Olympio Augusto Ribeiro  – Executei esse projeto enquanto fazia um curso de especialização em restauração, em Roma. Por ser arquiteto, especialista em restauração de edificações, essas transformações sofridas pelos monumentos antigos sempre me fascinaram. Essa ideia de fazer a mescla entre as gravuras de Piranesi e a situação atual surgiu em minha primeira viagem a Roma, em 2007. Demorei a entender como, depois da queda do império, a antiga metrópole foi literalmente soterrada, 6 metros abaixo do nível atual das ruas da cidade! A Roma de Piranesi é exatamente o momento anterior às escavações, então era fascinante ver todas as camadas de história, convivendo (no século 18), depois de 1500 anos da queda do império, quando se via a convivência entre as ruínas do império, as construções rurais medievais e a glória do barroco.

Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi

Fiz várias pesquisas, procurei ler sobre cada monumento que iria fotografar para entender melhor como chegaram ao nosso tempo. Isso para mim foi puro deleite, pois arquitetura, fotografia e história estão em minha alma. Foi de fato uma realização profissional, tanto como fotógrafo quanto como arquiteto, pois me permitiu mergulhar nesse mundo de fantasia de Piranesi e entender melhor no que se transformou Roma depois de 2000.

Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi
Colagem entre foto de Olympio Augusto Ribeiro e gravura de Giovanni Battista Piranesi

Veja a série completa na página do Facebook do fotógrafo Olympio Augusto Ribeiro.

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