Fotógrafo brasileiro é acusado de manipular imagem e perde prêmio internacional

Em outubro do ano passado, o fotógrafo e geógrafo brasiliense Marcio Cabral foi o vencedor da categoria Animais em seu Ambiente, no Wildlife Photographer of the Year, concurso internacional de fotografia de vida selvagem promovido pelo Museu de História Natural de Londres, no Reino Unido. A fotografia de Marcio, intitulada “Ecosystem”, mostra um tamanduá-bandeira diante de um cupinzeiro com bioluminescência, no Parque Nacional das Emas, Chapadão do Céu/GO.

Porém, recentemente a imagem foi desclassificada por supostamente apresentar uma cena manipulada. Segundo o Museu, algumas pessoas levantaram a suspeita de que a imagem teria sido encenada e que o animal seria na verdade um modelo empalhado, que pode ser visto na entrada do parque (foto acima). Quando alertado para essa possibilidade, o Museu pediu a cinco cientistas que avaliassem a foto vencedora e a comparassem com o modelo exibido no centro.


Fotografia de Marcio Cabral havia sido a grande vencedora do concurso internacional

O grupo de profissionais, que inclui o especialista em taxidermia do Museu e pesquisadores sul-americanos de mamíferos e tamanduás, trabalharam separadamente uns dos outros. Os cientistas apontaram que as marcas, as posturas, as morfologias e até mesmo o posicionamento dos pelos eram muito semelhantes, e chegaram à conclusão de que se tratava do mesmo animal. O Museu afirma que Cabral cooperou, fornecendo os arquivos RAW das fotos tiradas antes e depois, mas nenhuma delas incluía o tamanduá.

Em entrevista para a BBC, Cabral nega ter alterado a cena da foto e alega que há uma testemunha que estava presente no dia. Segundo ele, outros fotógrafos e turistas estavam no parque naquele momento e, portanto, “seria muito improvável que alguém não visse um animal empalhado sendo transportado e colocado cuidadosamente nesta posição”.

“Infelizmente, não tenho outra imagem do animal porque é uma longa exposição de 30 segundos e ISO 5000. Depois que os flashes foram disparados, o animal deixou o local, por isso não foi possível fazer outra foto com o animal saindo do local totalmente escuro”

As regras do concurso afirmam que “as imagens não devem enganar o espectador ou tentar deturpar a realidade da natureza”. Dessa maneira, a fotografia perdeu seu título de vencedora e foi retirada da exposição. Esta não é a primeira vez que o júri do Wildlife Photographer of the Year desqualifica uma inscrição vencedora. Em 2009, a foto ganhadora do grande prêmio, que supostamente mostrava um lobo espanhol saltando por cima de um portão, também foi desqualificada.

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