A arte das coisas pela fotografia: o Invisível que nos dá a ver

Aqui e agora, toda esta conversa se realiza em simbologias, tecnologias e canais de comunicação, que apesar da sua complexidade se revelam invisíveis. Nenhum de nós pensa no que está mesmo a acontecer para este texto estar aqui.

Quando eu era fotógrafo técnico e comercial, que fui durante 20 anos e na sua grande maioria em analógico, os clientes tinham o hábito de me perguntar “se já estava”. Irritante hábito, que me levava a dizer que sim entre um sorriso… O que de nada adiantava, pois persistiam em que eu revisse o trabalho que estava a fazer. Por quê? Porquê é que o meu profissionalismo e capacidade, trabalho, rigor…haaaaaaaaaaa…exato! Rigor, meu rigor era-lhes invisível.

"Carnival", por João de Castro
“Carnival”, por João de Castro

E tudo porque antecipadamente ao momento de disparar, antes e durante a sessão de trabalho, eu era tão rigoroso, que o cliente não via… Apenas o meu presente quarto de inspirações, paixão e vontades se revelava; o caos.

… como num quarto qualquer, apenas o caos é visível. A ordem, o rigor, deve ser como que invisível.

"Point of View", por João de Castro
“Point of View”, por João de Castro

Fotografia é conversar e o invisível rigor indispensável, o rigor que dá por operacionalidade de seu nome. O fotógrafo pode ser o mais inspirado, bem intencionado ou esforçado, que sem rigor nunca será caótico, solto, livre… seu.

A fotografia é cada vez mais e mais a expressão do que se sente, o caos que somos, aqueles bater de asas de uma borboleta que causam furacões do outro lado do mundo, por isso temos de nos libertar, assumir e potenciar.

Sejamos visíveis com base no invisível que o torna possível.

"Mad", por João de Castro
“Mad”, por João de Castro

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